Texto I
Todos de repente decidem acordar ao mesmo tempo como que com um cronômetro instalado cirurgicamente no braço esquerdo, pertinho do coração.
Mas que sensação de saciedade era aquela que brilhava no olhar? Nem sei. Sei que todos se cumprimentavam como se tivessem ido dormir também ao mesmo tempo na noite anterior. Era uma fadiga ver todos aqueles rostos contentes. (risos). O Certo é que mais tempo, menos tempo, todos reunir-se-iam para bater longos papos embalados pelo tilintar das colherinhas adoçando cafés. Discutiam filosofia, política, antropologia e em especial à vida alheia, fazia bem aos poros, rejuvenescia as células. Taí... Essa talvez fosse uma boa explicação para o pouco sono: o café entrecortado por conversas aleatórias.
Confesso que nunca vi fotografia tão excitante quanto àquela do papo matinal. Ou seria vespertino? Noturno? Mais uma vez não sei. Pois a hora ficou afixada no coração das pessoas e eu não podia consultá-la então.
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Texto IV
- Será que esquecer de onde viemos seria a resposta pra tudo? É que de meu passado só lembro de um acidente que sofri.
Nessa ocasião eu perdi todos os arquivos de memória de eu havia armazenado de minha vida até então. Mas o que me parece mais estranho não é isso, sim que eu continuo a repetir que são arquivos de memória de minha vida, sendo que vida mesmo, vida... vida... vida de verdade eu só considero essa agora.
- Será que esquecer de onde viemos seria a resposta pra tudo? É que de meu passado só lembro de um acidente que sofri.
Nessa ocasião eu perdi todos os arquivos de memória de eu havia armazenado de minha vida até então. Mas o que me parece mais estranho não é isso, sim que eu continuo a repetir que são arquivos de memória de minha vida, sendo que vida mesmo, vida... vida... vida de verdade eu só considero essa agora.
domingo, 20 de abril de 2008
- de repente
- foi.
- juro!
- muito de repente.
- depois disso, perdi as rédias da situação.
(mas lembro de alguém me dizer que as rédias são inúteis)
-pois bem.
-devo ir agora.
- mas antes, mais um gole do café, ainda quente, e olhar o mundo frio lá fora. tão bom. friozinho como meus olhos que te congelam.
- foi.
- juro!
- muito de repente.
- depois disso, perdi as rédias da situação.
(mas lembro de alguém me dizer que as rédias são inúteis)
-pois bem.
-devo ir agora.
- mas antes, mais um gole do café, ainda quente, e olhar o mundo frio lá fora. tão bom. friozinho como meus olhos que te congelam.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Acabou Chorare.
.:
Talvez o grito que me faltava. Uma dorzinha ruim que a gente sente mais intensamente ouvindo Novos Baianos.
Quer provar?
É uma experiência...
:.
Talvez o grito que me faltava. Uma dorzinha ruim que a gente sente mais intensamente ouvindo Novos Baianos.
Quer provar?
É uma experiência...
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segunda-feira, 14 de abril de 2008
Era mais uma noite daquelas. O tapete da entrada estava repleto de lama. Muitas pessoas haviam deixado rastros por ali, e fora a chuva molhava as calçadas silenciosamente, um ruído gostoso de ouvir. Eram os aplausos.
Mais uma vez Carmem Dulce havia agradado a todos. Seu carisma e encanto transcendiam a pouca experiência nos palcos. Mas era Carmem Dulce. E ela era perfeita, sempre, mesmo quando lhe davam personagens menos importantes, quanto à permanência em cena. E sempre arrancava euforia do público que acompanhava atenciosamente cada aceno bobo pros flashes de flagras. Encerrando o espetáculo colossal ela repousava no enorme cabide. Ela se juntava aos trapos e poeiras, esquecida, como se todos os olhares, ainda registrados na gaveta das lembranças, não pudessem salvá-la totalmente do esquecimento.
Mais uma vez Carmem Dulce havia agradado a todos. Seu carisma e encanto transcendiam a pouca experiência nos palcos. Mas era Carmem Dulce. E ela era perfeita, sempre, mesmo quando lhe davam personagens menos importantes, quanto à permanência em cena. E sempre arrancava euforia do público que acompanhava atenciosamente cada aceno bobo pros flashes de flagras. Encerrando o espetáculo colossal ela repousava no enorme cabide. Ela se juntava aos trapos e poeiras, esquecida, como se todos os olhares, ainda registrados na gaveta das lembranças, não pudessem salvá-la totalmente do esquecimento.
E eu, preferia estar em casa, com livros, internet e as traças. Observando o fanfarrear das aranhas comendo insetos. Vou dizer que não sou homem ético, social? Não. Desejo bons-dias, distribuo beijos no rosto e ainda divido copos de cerveja. Sou sim sociável, estou moldado pras carências de educação da sociedade. Todas as justificativas me levavam ao horóscopo, sou assim, cético e leitor de coluna do Zé Bidu.
quarta-feira, 9 de abril de 2008
voltei por aqui, passar algum pouco tempo, sei lá, nunca sei aliás.
mas é uma particularidade minha, não saber. e não saber não significa que não sei, mas que não quero saber... ah!
que seja!
não tenho tempo pra perder com baboseiras. não sou obrigado a querer o impossível. mas o pior é que quero. me atrae. as coisas mais difíceis me atraem mais facilmente, isso é certo. mas o difícil é aquele olhar preguiçoso, aquele cheiro de hálito fresco, sem exagüantes, sem cremes... um espreguiçar de vértebras e toque de pé com pé.
isso é bom, eu sei, isso eu sei...
mas é uma particularidade minha, não saber. e não saber não significa que não sei, mas que não quero saber... ah!
que seja!
não tenho tempo pra perder com baboseiras. não sou obrigado a querer o impossível. mas o pior é que quero. me atrae. as coisas mais difíceis me atraem mais facilmente, isso é certo. mas o difícil é aquele olhar preguiçoso, aquele cheiro de hálito fresco, sem exagüantes, sem cremes... um espreguiçar de vértebras e toque de pé com pé.
isso é bom, eu sei, isso eu sei...
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